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29 maio 2008

Relógio

Relógio. Remédios. Uma noite. Olhares. Vozes. Uma carta. A chuva. Lágrimas. A lua. O silêncio.

Não sei qual nome por...

Tão pequena e ao mesmo tempo forte
Uma dama em pele de criança
Seu doce olhar nos traz para longe da morte
Tu em mim cria laços
Não por imposição ou destino
Mas apenas por seus delicados traços
Cheios de ternura,
Fortes e decididos
Sempre prestativos e oferecendo a cura
Limpaste minha mente para o mundo ver
Creio que sou abençoado
Por sua amizade, que posso ter

26 maio 2008

Perfeição

Sorridente e carinhosa cuida das crianças na escola, recebendo-as como filhos e cuidando de cada uma de uma maneira doce e serena, transmitindo uma calma, um sentimento de paz e felicidade. Na sala dos professores, escuta um por um, aconselhando-os, protegendo suas vidas de más escolhas e falsas ilusões. Sua fisionomia bela transparece a tranqüilidade e seu sorriso faz todos se alegrarem em sua presença. Passando na rua, os cabelos ao vento fazem os pedestres observarem aquele ser de perfeição absurda. Chegando a sua suíte, saindo da presença de toda observação secular, retorna a seu martírio, toma alguns de seus remédios tarja preta e apaga.

20 maio 2008

Desabafo Crônico de Cronista

Antes o homem tinha seu valor humano. Hoje já não o possui. É mais um ser humano no mundo. O problema não está em ser humano, mas sim em ser um ser humano. Atualmente são apenas números: paciente do leito três, matrícula, telefone, CPF, RG e mais códigos e códigos. Não se pode ser mais humano neste mundo de monstros ego centristas e interesseiros. Se você, meu caro amigo, quiser ajudar alguém, talvez este negue sua ajuda, pensando que tenha que retribuir ou que tenhamos segundas intenções. Propósitos, aliás. Eles gostam do eufemismo e da hipocrisia, mas eu da ironia. Eufemismos são máscaras que ora enganam, ora caem. Não, eles não me servem. Estão todos corrompidos pelo consumismo inútil e desnecessário. E se não consumir você que é o corrompido. Ah, colega, tantas vezes fiz-me de otário... Porque é isso que os seres humanos são, perdoe-me a grosseria. Quem se preocupa com a ética, caso esta não esteja a seu favor? Quem liga para a moral? O que é moral, imoral, amoral hoje em dia? Dizem até em salas de aula que os poetas são autênticos e tênues; os prosistas são vendidos. É verdade. Nós prostituímos nossas idéias, vendemos um pedaço de nós para ter um medíocre espaço em um jornal D, P ou E, no dia S ou Q. Amigos juntem nossas forças-idéias e façamos uma revolução. Veremos como serão os jornais sem seus artigos e colunas, as editoras sem ter livros a publicar, o povo sem ter o jornal para ler, o mundo sem a literatura. Escrevamos amigos, pois o fim do mundo humano se aproxima. O papel-moeda dominará tudo. Ate os sentimentos. Os homens serão robôs programados para não sentir nada e que caçam os verdadeiros humanos. Escrevamos para que todos os robôs nos leiam que sintam a arte penetrar entre seus íons e ondas eletromagnéticas e derramem uma só lágrima. Escrevamos para que sintam a repugnância dessas almas cheias de coisas tão vazias. Para lembrarem que sentimentos bons ainda existem. Para lembrá-los que nem tudo é para sempre (ainda que “seja infinito enquanto dure”). Escrevamos para moldar estes monstros fantasiados de homens, para dizer que não nos prostituímos por dinheiro, nem por prestigio, mas para que um dia as almas vazias tão cheias de nada se encham com algo.

14 maio 2008

O Perfeito Idiota

Hoje estou decidido:
Irei para o grandioso reino
Dos idiotas!
Ris por quê?
O que há de engraçado? Não
Conheces nenhuma pessoa
Assim como eu?
Rides de mim, seu
Bucéfalo irônico!
O amanhã está próximo
Não tens medo de me substituir
E tornar-se o perfeito
Ou quem sabe
O mais idiota?

A invencível

Conte-me isto
Ou aquilo!
Não faça isto!
Tome cuidado!
A burrice é contagiosa.
Gripe é brincadeira.
Invencível é a burrice.
Agora não adianta mais chorar:
Ruminante és, ruminante serás!

Fromhellarização

Trapos! O pudor juvenil do século atual está todo em forma de trapos! Você pode até pensar: "Esse cara fala da própria geração em que está inserido!". Eu respondo: Estou mesmo, e quer saber? Eu não escolhi viver com essas pessoas e a única coisa que posso fazer com relação a isso é escrever esse tipo de resmungo! Um dia eu estava passando por um shopping e avistei a vitrine de uma relojoaria. Em exposição encontravam-se relógios, óculos e algemas. ALGEMAS. Meu bom Jesus, algemas... Cara! Pra que diabos alguém inventa de vender algemas nesse tipo de loja?! Pra cronometrar em quanto tempo outra pessoa se solta delas? Vai inventar outra! A Fromhellarização do mundo está correndo de forma acelerada. Simplesmente você sai de casa em uma segunda e vê todos com uma melancia na cabeça, chegando à outra segunda já estão todos com uma jaca. Foi idiota esse exemplo, eu sei. Deu pra entender? Enfim, os jovens querem mais status, inventam mais status e matam mais status. As empresas planejam mais status, produzem mais status, e ressuscitam os status assassinados, batizando-os de "cult". Os locais públicos andam se tornando um ninho de cultura porca da atualidade, mesclando indieotas pseudo-estrelas de rock com toda a elite de pinguços rebeldes. Quando acho que encontrei algo que traz cultura e alguma coisa de útil, me deparo com meia dúzia de velhos intelectualizados que não querem que ninguém mais entenda o que eles falam, a não ser que seja mais um velho da alta sociedade cearense. Eu tenho nojo desse povo, acho que um vampiro que pensa como eu iria morrer de fome nessa cidade, com medo de se contaminar através do sangue imundo que corre nas veias de marionetes neo-fromhellistas.

02 maio 2008

Penumbra Póstuma

Trago em minhas mãos vestes rasgadas,
Vestes umidificadas,
Envolvidas em sangue e lágrimas.
Eu te saúdo, pois logo se tornarás saudoso.
Neste nosso cumprimentar que aos poucos vira o cumprimento
Da sentença imposta ao teu corpo.
Desfiam-se as memórias vitais da pobre alma.
O olhar encerra-se fixo na penumbra.
Entrou em mais uma noite, sua última noite,
Noite póstuma.