08 dezembro 2011
Quatro anos e a náusea sob custódia
Não nos importa o número de acessos nem as tags mais bonitas e chamativas que o Google possa achar. Apenas queremos guardar os nossos retratos aqui. Os momentos de indecisões, as elucubrações e chutadas de balde. Desde 2007, vomitamos nossas ideias, fruto de náusea natural. E será sempre assim.
Devido a ocupações, este certamente foi nosso ano menos produtivo. Não paramos de escrever, claro. Somente não produzimos aquilo que o Vampiros Anêmicos sempre acolheu. Nada é forçado, tudo simplesmente surge no estalo e a sujeira, bem, vemos depois de clicar no "Publicar Postagem", sem caminho de volta.
São quatro anos sem cobranças. E sem vergonha na cara também, admito. Mas sem nenhuma espécie de cobrança. Não temos regras, não temos fórmulas. Só queremos escrever o que escorre pelas pontas dos dedos. No bloquinho, notebook, celular, seja onde for, o que for, quando for.
As experimentações, os rancores e a liberdade não combinam com o dedo na goela. Mesmo que postemos duas vezes no ano, até fragmentos de duas linhas, o vômito sempre estará fresco. E a crosta daquilo que ficou nunca será lavada.
03 agosto 2011
Loja de doces {Sail On}
31 julho 2011
A noiva (por Juliana Weyne)
Salete, mulher de quarenta e poucos anos, celibatária e temente a Deus, numa bela manhã de domingo, ajudava nos preparativos finais para o casamento da sua sobrinha Dora que aconteceria naquele dia em algumas poucas horas.
Ao distrair-se um segundo, esbarrou acidentalmente em um majestoso arranjo de flores que foi ao chão deixando várias tulipas espalhadas pelo tapete vermelho no qual a noiva caminharia mais tarde com seus pés de pomba. Salete, acanhada, apressou-se em recolher as vítimas de seu descuido e arrumá-las o mais discretamente possível.
Com algumas tulipas em seus braços e ao seu redor, a boa Salete num estalo, como que em transe, levantou-se e saiu da igreja levando consigo algumas das flores caídas e colhendo as que encontrava nas ruas por onde passava.
Chegando numa praça e já carregada de flores de diversas cores, formas e tamanhos, Salete deparou-se com um grupo de turistas italianos que jogavam milho para os pombos que lá viviam. Ainda mergulhada em seu delírio, a pura Salete, ao ver aquele milho pipocando no ar tomou-os por grãos de arroz e deixou-se ser banhada por ele.
Os pombos da praça voaram para a estátua da noiva de milho e flores urbanas, e, depois deles, mais e mais pombos surgiam até que já não se podia distinguir parte alguma da pobre Salete.
Os pombos, por fim saciados, partiram, mas ali já não havia da noiva algum vestígio.
16 julho 2011
A Hora do Remédio: A Loucura e a Incredulidade
18 março 2011
O Pintor
Talvez seja uma boa história, esta que irei contar a você. É a história de Aristóteles, mas não o filósofo, mas o pintor. Melhor ainda, a minha história. Tudo começou na Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922.
Eu era, sem dúvida, o mais excêntrico dos pintores. Não pelos quadros, mas pelo modo que eu os fazia. Desde criança, eu tinha um dom: o de pintar o futuro de modo espontâneo e inconsciente. Eram colapsos (ou devaneios?) que previam o futuro.
No dia seguinte, acordei exausto e vi um quadro que mostrava quatro rostos: o primeiro era de uma pessoa que todos conheciam; o segundo era apenas familiar, o terceiro era indistinguível e o quarto era desconhecido; Demonstrava a população multifacetada. Dei-lhe o nome “Bellum”. Fui vendê-lo, mas eu continuava com a imagem em minha cabeça.
Em poucos anos, fiz grandes amigos (ou não?). Mas a parte curiosa da história aconteceu em 1925.
Enquanto eu tinha um de meus colapsos, um amigo observou a cena: a blusa manchada de tinha vermelha e um quadro sangrento. Eu pintei a cena do assassinato de um político influente. No dia seguinte, tentei preveni-los, mas disseram que eu estava louco.
Não haveria problemas se o governador continuasse vivo, mas o futuro dele estava condenado e, somente eu tinha consciência disso. No dia seguinte, o político foi assassinado e como não havia provas, eu seria acusado.
Fiquei alguns dias, preso na penitenciária, mas a minha sagacidade serviu para algo útil: fugi. Agora eu era um acusado fugitivo da policia.
Fui para um minúsculo município do interior de outro estado. Fiquei lá por poucos meses, pois apareci em um noticiário e fui denunciado.
Puseram-me em uma cadeia de segurança máxima enquanto pensavam em uma punição bastante severa. Após longos seis meses, puseram, em minhas costas, o peso da morte.
Todos apontavam para mim e diziam que eu tinha matado o governador. Ganhei repudio e fui para uma cela isolada de todos.
É, meu caro, pode falar que fui tolo em não dizer a verdade e provar minha inocência. Somente agora, com a corda no pescoço e várias pessoas falando blasfêmias de mim, eu falei toda a verdade. E essas, meu caro, são minhas ultimas palavras.