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18 março 2011

O Pintor

Talvez seja uma boa história, esta que irei contar a você. É a história de Aristóteles, mas não o filósofo, mas o pintor. Melhor ainda, a minha história. Tudo começou na Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922.

Eu era, sem dúvida, o mais excêntrico dos pintores. Não pelos quadros, mas pelo modo que eu os fazia. Desde criança, eu tinha um dom: o de pintar o futuro de modo espontâneo e inconsciente. Eram colapsos (ou devaneios?) que previam o futuro.

No dia seguinte, acordei exausto e vi um quadro que mostrava quatro rostos: o primeiro era de uma pessoa que todos conheciam; o segundo era apenas familiar, o terceiro era indistinguível e o quarto era desconhecido; Demonstrava a população multifacetada. Dei-lhe o nome “Bellum”. Fui vendê-lo, mas eu continuava com a imagem em minha cabeça.

Em poucos anos, fiz grandes amigos (ou não?). Mas a parte curiosa da história aconteceu em 1925.

Enquanto eu tinha um de meus colapsos, um amigo observou a cena: a blusa manchada de tinha vermelha e um quadro sangrento. Eu pintei a cena do assassinato de um político influente. No dia seguinte, tentei preveni-los, mas disseram que eu estava louco.

Não haveria problemas se o governador continuasse vivo, mas o futuro dele estava condenado e, somente eu tinha consciência disso. No dia seguinte, o político foi assassinado e como não havia provas, eu seria acusado.

Fiquei alguns dias, preso na penitenciária, mas a minha sagacidade serviu para algo útil: fugi. Agora eu era um acusado fugitivo da policia.

Fui para um minúsculo município do interior de outro estado. Fiquei lá por poucos meses, pois apareci em um noticiário e fui denunciado.

Puseram-me em uma cadeia de segurança máxima enquanto pensavam em uma punição bastante severa. Após longos seis meses, puseram, em minhas costas, o peso da morte.

Todos apontavam para mim e diziam que eu tinha matado o governador. Ganhei repudio e fui para uma cela isolada de todos.

É, meu caro, pode falar que fui tolo em não dizer a verdade e provar minha inocência. Somente agora, com a corda no pescoço e várias pessoas falando blasfêmias de mim, eu falei toda a verdade. E essas, meu caro, são minhas ultimas palavras.

10 março 2011

Carrossel dos pôneis mancos e calados

a moça de branco brindando com suas poses de tragédia brinca de abismo - pisando em trapo - trincada pelas próprias palavras de flecha - atinge a glote sem escalpelar a suavidade da fala - ouve todos os sons dos brinquedos aos seus pés - fés de segurar na mão e esconder estando ali - distraíam mentiras lustrando bonecas - olhos de brinquedo não se calam por um segundo - viram as setas para as escolhas certas de um dia sem fivelas e estalos - escurecia de cílios descolados corvos que acolhiam de penas amoladas - antes de morder os lábios para não acordar do quarto - e cair do chão - o piso gelado acolhe os joelhos - faz as marcas para tocar - cicatrizes temporárias de diversão - a moça de branco empossando brincadeiras de tragédia gosta de limitar o abismo pelas pontas dos dedos - lambuza o sangue azul com carne desprovida de míseros detalhes doloridos - mentira - falta a respiração por limbo de medo sofrido - afasta que ninguém alcança - apenas quem causa o afastamento - parte dele - de verdade - mas não longe da mentira - duas versões - adultas - natural e forçada - os brinquedos não se arrastam - não se movem - se estatelam no chão montando e desmontando anatomias de borracha pano e sismas - olhos de boneca lacrimejam no sobrenatural - força do que se vê e não se prova