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20 maio 2008

Desabafo Crônico de Cronista

Antes o homem tinha seu valor humano. Hoje já não o possui. É mais um ser humano no mundo. O problema não está em ser humano, mas sim em ser um ser humano. Atualmente são apenas números: paciente do leito três, matrícula, telefone, CPF, RG e mais códigos e códigos. Não se pode ser mais humano neste mundo de monstros ego centristas e interesseiros. Se você, meu caro amigo, quiser ajudar alguém, talvez este negue sua ajuda, pensando que tenha que retribuir ou que tenhamos segundas intenções. Propósitos, aliás. Eles gostam do eufemismo e da hipocrisia, mas eu da ironia. Eufemismos são máscaras que ora enganam, ora caem. Não, eles não me servem. Estão todos corrompidos pelo consumismo inútil e desnecessário. E se não consumir você que é o corrompido. Ah, colega, tantas vezes fiz-me de otário... Porque é isso que os seres humanos são, perdoe-me a grosseria. Quem se preocupa com a ética, caso esta não esteja a seu favor? Quem liga para a moral? O que é moral, imoral, amoral hoje em dia? Dizem até em salas de aula que os poetas são autênticos e tênues; os prosistas são vendidos. É verdade. Nós prostituímos nossas idéias, vendemos um pedaço de nós para ter um medíocre espaço em um jornal D, P ou E, no dia S ou Q. Amigos juntem nossas forças-idéias e façamos uma revolução. Veremos como serão os jornais sem seus artigos e colunas, as editoras sem ter livros a publicar, o povo sem ter o jornal para ler, o mundo sem a literatura. Escrevamos amigos, pois o fim do mundo humano se aproxima. O papel-moeda dominará tudo. Ate os sentimentos. Os homens serão robôs programados para não sentir nada e que caçam os verdadeiros humanos. Escrevamos para que todos os robôs nos leiam que sintam a arte penetrar entre seus íons e ondas eletromagnéticas e derramem uma só lágrima. Escrevamos para que sintam a repugnância dessas almas cheias de coisas tão vazias. Para lembrarem que sentimentos bons ainda existem. Para lembrá-los que nem tudo é para sempre (ainda que “seja infinito enquanto dure”). Escrevamos para moldar estes monstros fantasiados de homens, para dizer que não nos prostituímos por dinheiro, nem por prestigio, mas para que um dia as almas vazias tão cheias de nada se encham com algo.

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