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12 julho 2010

O monstro

Era um monstro. Perseguia-me o dia inteiro, todos os dias. Olhava diretamente para meus olhos com uma expressão de raiva e desprezo. Eu não tinha sossego nem privacidade: ele estava sempre ali, parado. O silencio dele era perturbador: o silêncio gritava em meus ouvidos como uma criança com fome.

A minha família nunca me apoiou porque eu era irresponsável e mal-criado, Talvez eu fosse realmente o que eles diziam. Perdi dois empregos por incompetência. O monstro estava me enlouquecendo. Ele fazia gestos negativos com a cabeça. Eu gritava desesperadamente dentro do escritório, na esperança de que ele respondesse aos meus insultos. Para os colegas de trabalho, isso era taco de loucura e, como eu ficava muito estressado, tomaram uma atitude: despedir-me. O motivo, para eles era bastante claro: problemas psicológicos.

Fui explicar o que acontecera, durante o dia, aos meus pais e perguntei-lhes se eu poderia morar com eles, já que não teria dinheiro suficiente para pagar o aluguel. A resposta era óbvia: não. Então fui para a velha e abandonada casa do campo, que era da família, isolada de tudo e de todos...

O monstro, como sempre, estava perto de mim. Passei a viver sozinho com o monstro, que não dava trégua. Aos poucos, fui me acostumando com a presença do monstro. Para fugir da solidão, eu falava com ele, sem êxito. Embora fosse meu único companheiro, nunca falava ou respondia nada.

Após alguns meses, isolado, fiquei preocupado: será que eu estava mesmo louco, a ponto de minha insanidade ser minha sanidade? Fui ao banheiro, lavei o rosto e olhei para o espelho. O monstro estava de braços cruzados, olhando, como sempre, para meus olhos, com um sorriso discreto, e eu, arrependido por tudo que fiz.

Um comentário:

luan disse...

Continue com o bom trabalho.
:)