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04 setembro 2009

Delírio Emocional de 1º grau: Lembranças, Saudades e Anestesia.

Parte V – Momento pré-cirurgia interna alucinógena.

Eu vou esquecer de tudo agora mesmo! Meu sofá é tão confortável! A brisa está muito boa hoje, a atmosfera silencia-se ao meu redor. Olhos fechados não querem se abrir jamais. Como eu queria cegar meu coração, tirar todo o sentido das lembranças que perturbam o desenvolver da minha história nessa terra onde só os corretinhos e arrependidos terminam com um sorriso na cara. Relaxo para não quebrar tudo. Assim que deve ser. Eu acho. Escuto apenas o barulhinho do vento regendo a dança dos coqueiros que enfeitam a entrada do meu prédio. Imagino que o mar possa estar lindo e vaidoso hoje. Detesto o mar, mas deu vontade de imaginar isso agora. As pessoas no calçadão devem estar vendendo, comprando, correndo, caminhando, roubando, namorando, gritando, xingando, brigando, cheirando, bebendo, dançando, pirando, sentando, levantando, pulando, jogando, abrindo, fechando, uma flexão, duas flexões, chutando, passando, cabeceando, travando conflitos, bolando conflitos, encerrando conflitos, se acertando, se lascando. Se eu vendesse camarões à beira-mar, poderia tentar ser menos preso aos meus problemas e conviver com mais pessoas. Quem sabe um dia isso não possa acontecer? Mas, por enquanto, não troco esse meu sofá luxuoso por nada nesse mundo.
Se sabedoria é boa, porque não a encontrei nas prateleiras do shopping center? Dizem que o que é bom a gente compra, não dá. Pelo menos eu me lembro de alguém falando isso, ou era algo parecido. Essa brisa me lembra outra música do Opeth... Sim, eu gosto muito do som de Mikael e seus companheiros, ok?
O vento bate na janela e posso ouvir, como se minha mente gerasse o áudio completo de “In My Time Of Need”. A função anestésica que esta canção exerce sobre meus prantos não tem medidas possíveis de serem calculadas. “I...can’t...see...the...meaning...of...this...life...”, e assim a dor já começa a desencanar da minha alma por alguns minutos.



"E eu devo contemplar esta mudança,
Para amenizar a dor..."


Acho que você está certo, cara. Eu devo amenizar a dor. Mesmo que esta mudança me faça sofrer uma auto-degradação.

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