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22 setembro 2009

Delírio Emocional de 2° grau: Indignação, Abandono e Degradação

Parte I – Mendigos usam Black – Tie.

Uma droga de festa. Todos aqueles insuportáveis colegas de trabalho andando de um lado para o outro na cobertura de um apartamento luxuoso. Beth, uma perua despudoradamente mascarada. A mulher não conseguia disfarçar o seu estado de êxtase por ter pessoas da alta sociedade em sua residência. “Senhor Desembargador, precisa vir mais vezes! Faço um ótimo fondue...”, dizia mal contendo o abanar frenético do seu rabinho. O seu puxa-saquismo traz bens materiais, alto salário e regalias, mas a coleirinha vai apertando. Ela não percebe, mas os seus companheiros de trabalho estavam comentando as cenas dos próximos dias. A coleira de Beth vai sufocá-la. E todos ali a abraçam, a elogiam e bebem do seu vinho importado. A peça no teatro elitista estava no meio e eu não sabia qual era o meu papel.
“Passar uma tarde Itapuã... Ao sol que arde Itapuã...”. A bossa misturava-se aos perfumes, charutos e risadinhas ridículas. Alguns de meus superiores já estavam completamente bêbados depois da segunda taça de cidra. Eles conversavam sobre literatura, arte e filhos que enviaram à Europa. Velhos inúteis. Porcos cheio de si, lotados de conhecimento exibicionista. As amigas de Beth permaneciam sentadas no sofá de couro. Trocavam elogios sem ao menos deixar de olhar para os espelhos. E eu ainda não encontrava roteiro algum, não lembrava nenhuma fala. Não tinha personagem, fazia parte do cenário.
Quando cheguei, vim logo ao seu encontro, Mr. Jack! Precisava olhar para alguém digno de confiança. Isso! Confiança! A falta dela naquele ambiente é que me fazia sentir parte da mobília francesa. Pessoas ricas, bem apresentadas em roupas de grife, lindos carros no estacionamento, um papo de cultura erudita decorado. Basta um toque para que as cartas de baralho desabem. Não existem amigos. Por que tanto pedantismo, afinal? Ambiciosos malditos! Não se satisfazem com o que tem, precisam mostrar uns aos outros suas posses e ver o que o coleguinha tem para que ele possa invejar. São todos uns mendigos, esta é a verdade. Mendigam por atenção e prestígio. Mendigam por alguém que os inveje. Mendigam por um olhar falso. Eu não sou um deles! Sou um cara frustrado, sozinho, que agoniza pelos erros cometidos. Mas não sou um mendigo fedendo a fragrâncias dentro de um Black-Tie.

4 comentários:

Ignea Vate disse...

caraca... virei fã do seu blog...
Adorei a sinceridade em teus escritos e a vontade de falar sobre algo que detestamos e que "estamos obrigados a conviver"...

Bem, acho que foi por isso que manifestei-me ... hehe

vai pro meus fvoritos com certeza!
Espero que continue postando... abraço!

Unknown disse...

Muito Obrigado, Srta. Vale! :D
Continuarei postando, sim! Ainda vem muita coisa por aí...

LuciannyM. disse...

"São todos uns mendigos, esta é a verdade. Mendigam por atenção e prestígio. Mendigam por alguém que os inveje. Mendigam por um olhar falso. Eu não sou um deles! Sou um cara frustrado, sozinho, que agoniza pelos erros cometidos. Mas não sou um mendigo fedendo a fragrâncias dentro de um Black-Tie."

André, teu texto tem uma simplicidade tão intensa que arrepia, acho que o trecho descreve bem a sensação que eu tive quando li!

Beijoooos :******

Kamila Silva disse...

Concordo com as duas...e olha,esses dias tenho sentindo,e nem sempre sinto porque me tranco rsrsr,e pior,quando deixo as portas abertas me vêem esses parasitas e ainda têem alguns em busca de cura! pra depois chegarem com uma desfaçatez de que estavam apenas querendo variar!!

Já tô seguindo!!
Já tá nos favoritos!! ;))