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19 janeiro 2010

Bem-te-vi

Era tarde da madrugada. Caía um pequeno chuvisco sobre o asfalto da movimentada avenida. Observava os carros, solitários, passarem, um a um. As poças d'água refletiam os anúncios em neon. Sentindo e tateando a brisa gelada da madrugada, enquanto todos dormiam e eu infelizmente não, escutei quase como um grito: "bem te vi". O pássaro berrava a plenos pulmões. Escondido entre a penumbra e o farfalhar das folhas da velha castanholeira, gritava e se anunciava como quisesse que eu me levantasse da rede e fosse conversar com ele, entre os momentos (meus e seus) de vazios silenciados.


A noite, razoavelmente fria, enchia-me de idéias. Bem-te-vi, bem-te-vi... Tu cantas, não sei se por alegria ou tristeza, se de sábio ou se de importuno (quem sabe?). Teu último grito não sei se de cansaço ou decepção. Foste embora, mas teu canto insone ainda me encanta... Pobre bem-te-vi, se vieste para pedir-me um verso, perdoa-me, que não sou mais poeta..

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