
23 dezembro 2008
O que me convém.

19 dezembro 2008
Insônia
De cansaço, mas
Algo me incomoda,
Algo me mantém acordado
Para a sub-realidade.
Olho pro lado
Todos dormem enquanto
Eu infelizmente não.
Volto a ter meus pesadelos
Acordado.
Meu Deus, o que faço
Quando o sono desaba
E a alma tam...bém?
Pensamentos
São armas biológicas,
Que curam e matam
O corpo
Que ata e desata
O nó do consciente e do
Inconsciente...
Pensamentos... (Monumentos)
Divagações... (Decepções)
A razão... (Uma alusão)
À desilusão...
Meu consciente... (Está inconsciente)
08 dezembro 2008
Experimentações, Rancores e Liberdade
20 outubro 2008
O avião.
- Se o senhor tivesse a decência de pedir o meu suco, garanto que não o negaria.
- O seu suco está ali, senhora. – Disse, num tom extremamente calmo e dócil, apontando o porta-suco do lado direito de Ana.
17 outubro 2008
Vulto
A tortura perpetuamente fora instaurada pela vítima, segura de que o assassino não viveria em paz. O professor não teria vida, mesmo estando vivo. Ensinava de manhã em uma Universidade da capital, sem dar nenhum sinal de alterações em seu humor. Apenas quando voltava para aquela casa, aquele cenário que ainda guarda a cena do crime mais rápido e fino que já existiu, o pânico aflorava-se e o vulto aparecia para mais uma vez lembrar que não desaparecera do local.
O vulto persegue o assustado professor, sem ainda saber o porquê de sua morte, mas totalmente certo de que o mentor do crime não descansará jamais.
O homem deita na rede da varanda, balançando-se e folheando uma revista antiga e olhando de um lado para o outro, esperando alguma manifestação sobrenatural, que já estava se tornando natural. Levantou-se para tomar um copo de água na cozinha e quando estava caminhando pelo extenso corredor, ouviu o barulho da rede balançar fortemente. Olhara espantado para trás, pois não havia sequer ventado naquele momento. Certificou-se de que a rede estava vazia e foi até a cozinha para beber, enfim, a sua água. Quando abriu a geladeira, ouviu um suspiro. Não era o barulho da geladeira, era realmente um suspiro. Olhou para trás e procurou o seu companheiro indesejado. Debaixo da estante de madeira, ao lado do fogão, ali estava o vulto franzino de seu antigo amigo invejado. O desespero de quem não agüentava mais aquilo toda noite o fez apertar tanto o copo de vidro que acabou por quebrá-lo, abrindo um corte profundo em sua mão. Ajoelhou-se, olhou bem para a macabra companhia, disse algumas palavras de ojeriza ao seu infeliz cotidiano noturno, rasgou a garganta com um fino pedaço de vidro.
11 outubro 2008
A Cadeira
09 outubro 2008
Vale do Esquecimento I

Existe um lugar, em alguma parte desse mundo, para onde vão todas as coisas que foram esquecidas. Objetos, pessoas, sentimentos. É como aqui, tem árvores, postes, casas, e até pessoas, mas não tem vida. Não há ninguém, realmente, lá. Há um morro, um morro bem alto, que enfeita a paisagem de um cemitério. Os túmulos estão dispostos em qualquer posição, mas não há retrato algum, ou nome, muito menos alguma oferenda. O cinza desfalecido tomava conta das lápides, de modo que era impossível diferenciar quem eram aqueles que jaziam ali. Um cheiro de enxofre insuportável estava impregnado no ar, entretanto, ao redor, o verde da paisagem continuava vivo, como uma compensação, uma alegria para mantê-los sempre esperançosos. Quando atravessei o extenso campo de girassóis no caminho, parando vez ou outra para colher alguns, lembrei-me de como era gostoso encostar o nariz nas pétalas aveludadas e pomposas. O amarelo era o que mais me encantava, era vivo como o sol. Eu estava sozinha. Carregava a minha cesta tão absolutamente próxima a mim, que deixava marcas em minha pele. Era um campo aberto e tudo o que havia eram lápides, pedras de mármore gastas pelo tempo e pela chuva. A grama era alta, mal cuidada, chegava à minha cintura. Eu já estava naquele lugar há muito, muito tempo, por isso estava acostumada ao silêncio absoluto, mesmo que para os outros ele parecesse ameaçador e profundamente infinito. Me aproximei de uma lápide e senti que havia mais alguém ali. Apenas um alguém não, muitos alguéns, pessoas que eu não conhecia, que não fazia idéia de que aparência tinham, do que gostavam, mas sabia que tinham vindo do mesmo lugar que eu. Estávamos, então, ligados de alguma forma. Abaixei-me e depositei um girassol sobre a terra há muito não cavoucada, dura, enjilhada. Sentei e esperei alguma coisa acontecer, e eu sabia que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Senti um gesto de afago, embora áspero. Um homem surgira em minha frente, alto, robusto e com um quê de nobreza, mas sua feição era meiga, exprimia toda uma bondade desajeitada. Acomodou-se na grama, ao meu lado, sorridente, segurando o girassol que eu havia posto em seu lugar de descanso.
- Obrigado.
- Não precisa me agradecer, Robert.
- Você me deu o que todos aqui almejam, algo que eu deveria conseguir por conta própria. Mesmo me sentindo assim, respirar novamente me é um deleite.
- Fico feliz que o tenha ajudado. Gosta de girassóis? Eu colhia muitos quando era menor, costumava enfeitar os jarros da minha casa com eles.
- Girassóis? São bonitos. Amarelos, macios. Refletem luz, esperança, esperança essa que você acabou de me devolver. Gosta de café?
Aquela conversa durou horas. Logo Johns, Marys e Jacobs se juntaram a nós em uma grande roda. Todos nós trocamos experiências e aprendemos uns com outros. Alguns eram velhos, outros novos, não tem idade quando alguém é esquecido. Quando saí, deixei uma flor em cada lápide, para alegrar o dia e a noite daquelas criaturas tão solitárias e tristes, impossibilitadas de sair dali. Todos eles voltaram ao seu descanso, mas eu sabia que poderia vê-los sempre que quisesse, quando me sentisse sozinha ou quando eles próprios clamasse por mim. Porque enquanto eu estivesse naquele lugar, eles não estavam completamente esquecidos.
29 setembro 2008
Ponto isolado
Sou um ponto microscópico dentro de um quadrado espaçoso e vazio. Concentro-me em remover os pedaços agudos de vidro que ainda atormentam a minha alma com furos certeiros. Hemorragia sem sangue, dores que não deixam seqüelas. Não saio desta situação, quero livrar-me das memórias, de momentos passados, de figuras, cores, flores, dores! Que saia de mim esta alma, o maior reflexo de inferioridade, da falta de liberdade, uma angelical demonstração de fraude.
O telefone já tocou várias vezes fora do quarto, mas eu não quero atender. Não consigo atender. Pode ser alguém. Lógico que é alguém. Não quero falar com ninguém. No prezado momento, devido às aparentes circunstancias, o melhor é continuar a interpretar o meu personagem desta tragédia. Um ponto, um insignificante ponto dentro de uma atmosfera vazia. Um comportamento assim não me faz sentir dor e nem consola meu pranto, porém evita a ocorrência de uma possível acumulação de mais dor. O sofrimento já encheu o poço, não quero derramar. A minha respiração anda dançando um jazz atropelado, em que o ponto alto da música chega quando a cena final do verão aparece à minha mente.
Meu quarto tem uma janela, o único contato com o mundo frio de céu cinzento. Antes das nuvens chegarem e minha felicidade partir, eu era mais do que um ponto isolado dentro de um grande quadrado. Servia para algo, não era meramente um cômodo vivo.
Lá fora, a árvore do quintal balança, o vento não perdoa. Será que devo agir como o vento? A solidão está roendo meus neurônios, definitivamente preciso escrever um basta e sair do casulo. Não consigo ser mais do que este ponto, sou somente um ponto, antes éramos dois pontos buscando trocar palavras perfeitas um com o outro, agora sou um ponto. Espero que uma borracha venha para apagar-me. Viraria o nada. Mas não estaria mais como um ponto, sofrendo pela ausência de outro ponto.
21 setembro 2008
Sedimentação subjetiva
Misturo-me ao líquido
Às reformulações do comportamento
Um sólido também teme a sua decomposição
Exatamente por esta razão tenta criar uma nova denotação
Para o seu viver instável
Impreciso
Isto realmente é preciso
Cochilo
Sedimento-me solidificado nos fatos
E pelo futuro das impossíveis chances
Deixo-me fluir...
A caixinha colorida
Vermelha como meu cabelo
Guardava aquele cheiro
De um amor jovial.
E a sua camisa listrada
Aquela que me deu de presente
Quando vivíamos loucamente
Costuma me trazer nostalgia.
E eu não pensei que viveria
O suficiente pra sentir alegria
Em nos ver separados
Talvez até distanciados
Pelo tempo traiçoeiro.
A visão da janela agora é incolor
E agora reflete aquele amor
Aquele, coberto de bolor
Enterrado para sempre, estupidamente
Em uma caixinha colorida
Na qual eu tento, e tanto
Jamais mexer novamente.
31 agosto 2008
Outdoor
A sanidade depois do amor é mito. Muitos dizem que nunca irão de se rebaixar para uma figura feminina, transformando-se num cão atrás de uma cadela no cio, deixando o seu lado emotivo prevalecer sobre sua razão. Na verdade todos que dizem isso são idiotas. Eu sou um idiota, pois eu alegava tal asneira até pouco tempo.
Sônia se fez presente em minha vida, eu tentei ser um presente para a vida dela. Foi uma doce ilusão. Na verdade, uma amarga desilusão no fim das contas. Eu ganhava a vida como pintor de outdoors, trabalhando muito e nos mais variados cantos da cidade.
Até que um dia fui pintar um outdoor próximo a um posto de gasolina localizado em uma avenida famosa de Fortaleza. Não deveria ter olhado para aquela mulher da loja de conveniência, nem ela deveria ter me enfeitiçado com seu jeito meigo de tirar troco da caixa registradora. No primeiro momento em que a paixão entrou no meu peito, me desequilibrei e quase caio em cima de um lixão que estava logo ali abaixo.
Quando desci, fui diretamente ao posto de conveniência. Estava com um macacão sujo de tinta, minha pele transpirava loucamente um suor frio e fedido. Tirei do bolso uns trocados, olhei para os olhos da atendente, olhei para o seu crachá, e disse: “Me vê uma coca, Sônia.” Ela olhou para mim e deu um sorriso cativante. Mas que droga! Ela não deveria ter dado aquele sorriso! Aposto que foi só para me provocar, para ver se minha coragem ia além de um olhar safado e insinuante. Para a surpresa dela, foi muito além.
Passei a noite toda com ela na minha mente, o sorriso, o crachá, o nome, a pele, o cabelo, a coca... Até que no início da madrugada uma idéia louca me fez sentar na cama. Estava totalmente tomado por uma louca paixão, não posso negar. Amanhã eu iria finalizar a pintura do outdoor, o que me fez ter uma idéia arriscada.
No dia seguinte, cheguei bem cedo ao local. Na verdade, não tinha dormido quase nada, pois estava ocupado produzindo um plano bem tosco. Homens apaixonados fazem coisas toscas. Aliás, homens apaixonadas são toscos.
Subi pela escada, tomei fôlego e comecei o trabalho sem medo do que poderia me acontecer. Passei a tarde toda lá, trabalhando. Até que beirando às dezessete horas, minha obra-prima estava pronta. Fui até a loja, chamei a Sônia para fora da loja. Não tinha ninguém lá dentro mesmo, então ela saiu sem nem perguntar o motivo.
Ao olhar para o outdoor, ficou paralisada por alguns segundos. Estava lá, escrito dentro de um coração pintado com a mais viva tonalidade rubra, “Sônia, amo você!”. A atendente, que aos poucos voltava a si, olhou para mim e simplesmente deu aquele mesmo sorriso. Só que pela primeira vez, o sorriso veio acompanhado pela bela voz. “Desculpe, sou casada”.
29 junho 2008
Insônia
A noite entra. A escuridão se estabiliza, todas as casas apagam suas luzes e a insônia me visita. O crepúsculo pode surgir a qualquer momento e meus olhos vermelhos anseiam apenas que a minha áurea espante o mau agouro e encontre o sono. Pegar algo na geladeira. Minha boca está seca, escorre grãos de areia em minha garganta, Cara! Por que raios isto há esta hora?! As gostas de suor mostram-se presentes, o ventilador não parece surtir efeito. Como isso aqui está abafado. Amanhã não vou poder dormir de dia. Maldita insônia, noite de agonia!
29 maio 2008
Relógio
Não sei qual nome por...
Uma dama em pele de criança
Seu doce olhar nos traz para longe da morte
Tu em mim cria laços
Não por imposição ou destino
Mas apenas por seus delicados traços
Cheios de ternura,
Fortes e decididos
Sempre prestativos e oferecendo a cura
Limpaste minha mente para o mundo ver
Creio que sou abençoado
Por sua amizade, que posso ter
26 maio 2008
Perfeição
20 maio 2008
Desabafo Crônico de Cronista
14 maio 2008
O Perfeito Idiota
Irei para o grandioso reino
Dos idiotas!
Ris por quê?
O que há de engraçado? Não
Conheces nenhuma pessoa
Assim como eu?
Rides de mim, seu
Bucéfalo irônico!
O amanhã está próximo
Não tens medo de me substituir
E tornar-se o perfeito
Ou quem sabe
O mais idiota?
A invencível
Ou aquilo!
Não faça isto!
Tome cuidado!
A burrice é contagiosa.
Gripe é brincadeira.
Invencível é a burrice.
Agora não adianta mais chorar:
Ruminante és, ruminante serás!
Fromhellarização
02 maio 2008
Penumbra Póstuma
Vestes umidificadas,
Envolvidas em sangue e lágrimas.
Eu te saúdo, pois logo se tornarás saudoso.
Neste nosso cumprimentar que aos poucos vira o cumprimento
Da sentença imposta ao teu corpo.
Desfiam-se as memórias vitais da pobre alma.
O olhar encerra-se fixo na penumbra.
Entrou em mais uma noite, sua última noite,
Noite póstuma.
05 abril 2008
Errônea Sedução
01 abril 2008
As Madrugadas
(OBS: André x Raissa)
Unicamente este é a mais
Racional das minhas vergonhosas
Soluções: omitir meus erros,
Omitir meu ser, meu (não) existir
x
Cale-se seu ser imundo!
Demente mor entre todos os dementes
Erro da genética
Irracional criatura....
Racional massa cefálica
Agarre-se com sua ignorância e morra!
x
Tinha que ser assim minha joia
Rara... entre tuas cordas de
Aço e entre teus trastes
Sonho e componho as minhas
Tristes canções de um velho
Erguido pelos teus acordes.x
Pequena criatura
Ativa e noturna
Raio de uma chuva seca
Tenebre cena de teatro mudo
Ideologia de mortos vivos em uso
Dádiva do inferno aos deuses
Águia dos céus enfermosx
Galopo entre os pensamentos
Ateus e incompletos...
Luto pela liberdade, não por dinheiro
O coração palpita e o vento bate forte na minha face.
x
Anjo solene
Minha estrela que ilumina
Item que ama e domina
Zebra que em acrósticos salva
Amiga que é bem usada
Desta palavra tão profunda
Este é o fim...
x
Incontrolavelmente desprendo-me...
Nada com a liberdade, o
Vento que vem do oeste
É quente e acolhedor. Planto
Raízes neste pobre solo,
Seco e impuro... Planto raízes
Onde crescem as árvores da virtude.x
Varinha de condão
Inversa Maldição
Ruidosa introdução
Termina em putrefação
Unida ao coração
Desvairado em perdição
Envolto à abominação
x
Estrelas... são astros que estão
Sempre nos rodeando, como
Telescópios que vigia o
Espaço sideral... um
Lugar sem início ou fim
A grande ambiguidade da vida
Reunindo-se na imensidão de nossos céus.
15 março 2008
Odes
Tentas perscrutar todos,
Mas em teu vil coração
A sordidez é quem ganha!
Perspicaz operário das ruínas
É o ser humano, é o homem...
Regurgito tuas blasfêmias
E fazes de gozo teu ato
O elo entre o intríseco e
O maniqueísmo.
Sobe à mim a ânsia de vômito
Que, importuna, explode de
Odes sórdidas e e torpes.
25 fevereiro 2008
Diálogos
- É sim, meu filho.
- Mamãe! Mamãe! É verdade que o maior animal do mundo é a baleia azul?
- É sim, filho.
- Mamãe! Mamãe! É verdade que o Brasil é o país do futuro?
- ...
28 janeiro 2008
Sociedade
Armas de efeito moral não ferem minha alma...
Lave com meu sanque sua mente sagaz!
Defuntos deixam sementes que um dia irão germinar,
Intermediando os desejos de outras gerações,
Tramando a revolução,
Arquitetando planos de famintos corações!