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26 agosto 2009

Delírio Emocional de 1º grau: Lembranças,Saudades e Anestesia.

Parte III – Hope Leaves.


“No canto ao lado de minha janela
Há uma fotografia solitária pendurada
Não há nenhuma razão
Eu nunca noto uma memória que poderia me segurar (reprimir)”

Somos eu e Mr. Jack Daniel’s nos confraternizando ao som de Opeth, esperando o momento de colher o sofrimento nos acordes limpos e melancólicos de “Hope Leaves”. Guardo na primeira gaveta do criado-mudo um álbum de fotos antigas, onde eu fingia que era feliz e meus pais fingiam me fazer feliz. Guardo algumas fotos do colégio, da faculdade e de minhas viagens pelo mundo a fora. Sim, já viajei muito com o dinheiro que ganho como funcionário público. Já estive em Paris, Berlim, Lisboa e em várias outras capitais européias. Paris é conhecida por todo o seu charme e beleza, mas acho que só poderia ver isso se estivesse com alguém ao meu lado. Todas aquelas recordações não me fazem recordar nada. Sou um chimpanzé morando numa floresta exuberante, mas com nenhum colega para me coçar.
Talvez se alguém me vir nessa situação fique com pena de mim. Porém, não sei se quero que aconteça isso. Morra por hoje, Mr. Jack! Chega de suas passeatas pelas entranhas de minha garganta! Agora quero apenas ouvir sua voz, Mikael. Cante! Você é como eu, cara. Você me entende. Não me conheces, mas essa música fala sobre mim. “There is a wound that’s always bleeding, there is a road I’m always walking and I know you’ll never return to this place”.
Não consigo me livrar da moralidade imposta pela minha consciência. Fiz muita besteira todo esse tempo da minha vida, será que consigo viver em paz depois dos quarenta? Por que não sei quanto tempo irá durar esse processo de lembranças e de dores profundas. Será que um dia vai passar?
Seguirei ouvindo essa canção, para todos os efeitos. Não me faz sentir melhor, mas me alivia. Saber que alguém escreveu algo que se enquadra no contexto de minha angústia.


“Passado por dias sem falar
Há um conforto em silêncio
Tão acostumado a perder toda a ambição
E lutando para manter o que resta”

Não, Mikael. Nada mais me resta...

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